
v>Nada nos pertence,tudo é passageiro,a vida se transforma
(por Árthur Moreira 04/05/2010)
É fascinante refletir a respeito dessas tres frases e ver como elas estão completamente ligadas entre si ,em um ciclo continuo e codependente de existência(ouroboros) …
Para que a vida se transforme e nós amadureçamos ,precisamos nos libertar da cadeia viciosa em que vivemos, de que para sermos completos precisamos construir algum patrimônio ;construir é importante,faz parte do aprendizado ,da transformação,construir a índole,o caráter ,a personalidade,construir relacionamentos ,mas é importante deixar que as coisas fluam e sigam seu ciclo natural,sem querer forçar esse processo ,paciência é essencial para a transformação ,a impulsividade nos lança ao impensado que pode ser desastroso ,não confundir impulsividade com intuição ,a intuição é de grande valia quando bem estudada e analisada antes de ser posta na balança.
Nada nos pertence,é nosso apenas o que somos ,entender isso é necessário para que haja liberdade em nossas vidas,para que assim tudo passe de maneira mais leve e se transforme de maneira mais plena.
“É bom dar quando alguém pede,mas é melhor ainda poder entregar tudo a quem nada pediu” (poeta árabe ; Khalil Gibran)
“E o maior mérito não é daquele que oferece ,mas do que recebe sem se sentir devedor. O homem dá pouco quando dispõe apenas dos bens materiais que possui; mas dá muito quando entrega a si mesmo”
(poeta árabe ; Khalil Gibran)
Cara, virei seu fã! Muito perspicaz vc! Seus textos estão muito bons, sério. Já te falei, abre a gaveta ai e publica os textos que vc já fez! Tenho certeza que são todos bem legais!
ResponderExcluir"é nosso apenas o que somos"
Incrível. Seja bom ou ruim, ainda não sei, mas o fato é de que nada nos pertence. A cada dia uma descoberta ou uma perda, seja sentimental ou material. A cada dia um ganho também... e assim é a vida, o que nós pensamos, sentimos e queremos é o que realmente somos. Porém, o que somos também é influenciado por outras pessoas, e algumas delas simplesmente não se importam... Dói quando criamos expectativas e elas se mostram contrárias ao que achávamos. É seguir em frente e buscar o melhor sempre, a vida se transforma. ;)
ta bom o negócio ai...
ResponderExcluir1ª coisa:
" Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo. "
(A procura da Poesia - Carlos Drummond de Andrade)
e também:
"Andei léguas de sombra
Dentro em meu pensamento.
Floresceu às avessas
Meu ócio com sem-nexo,
E apagaram-se as lâmpadas
Na alcova cambaleante.
Tudo prestes se volve
Um deserto macio
Visto pelo meu tato
Dos veludos da alcova,
Não pela minha vista.
Há um oásis no Incerto
E, como uma suspeita
De luz por não-há-frinchas,
Passa uma caravana.
Esquece-me de súbito
Como é o espaço, e o tempo
Em vez de horizontal
É vertical. A alcova
Desce não se por onde
Até não me encontrar.
Ascende um leve fumo
Das minhas sensações.
Deixo de me incluir
Dentro de mim. Não há
Cá-dentro nem lá-fora.
E o deserto está agora
Virado para baixo.
A noção de mover-me
Esqueceu-se do meu nome.
Na alma meu corpo pesa-me.
Sinto-me um reposteiro
Pendurado na sala
Onde jaz alguém morto.
Qualquer coisa caiu
E tiniu no infinito."
(Andei Léguas de Sombra - Fernando Pessoa)
Veja também os princípios do Niilismo, e as ideias do filósofo Nietzsche sobre o existencialismo, você vai gostar...
Abração.
PS: as reflexões estão legais.
PS: Não foi um crítica não Arthur, foi só complemento do pensamento, misturando com poesia...
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